terça-feira, 14 de outubro de 2008

Meu Único Ideal

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Sou diácono[1] da Diocese de Santa Maria e, neste tempo de preparação ao Presbiterado, quero me dirigir aos amigos para comunicar, brevemente, um pouco de minha vida e de meu Ideal vocacional.
Nasci em Alegrete, mas me sinto santa-mariense de coração. Tenho 28 anos e sou o primeiro de cinco filhos. Minha família pertence à Comunidade Santo Anjo da Guarda, da Paróquia de Nossa Senhora das Dores. Há dez anos estou no processo formativo e neste ano, após ter concluído os estudos, estou fazendo meu estágio pastoral na Mariápolis Ginetta, em SP. Neste centro de espiritualidade do Movimento dos Focolares sinto estar realizando a vontade de Deus em profunda comunhão com toda a Diocese.

Esse estágio está sendo um dom e uma responsabilidade diante de Deus e do próximo. Um dom porque Deus está trabalhando em minha alma, moldando minha vontade na d’Ele e aumentando minha fé. O estágio é também uma responsabilidade porque minha resposta a Deus é – e deseja ser sempre – a prática da caridade pastoral, a entrega daquilo que sou e tenho para a missão da Igreja.

Nos últimos tempos, tenho experimentado muitos sinais do amor de Deus e quero relatar a vocês um deles. Este fato que narro – longe de ser uma realidade plástica – é mais uma prova de que Deus age visível e concretamente em minha vida.

Durante um período em que, apesar de fazer bem minhas tarefas cotidianas como rezar, trabalhar e viver em comunidade, tive a impressão de estar sem Deus; de não tê-Lo mais a meu lado. Era uma sensação de ser na Igreja, até aquele momento, apenas um cumpridor de tarefas e um mero multiplicador de palavras. Incomodava-se o fato de sentir um vazio interior na alma. Uma espécie de “noite dos sentidos”, como chamava Santa Teresa. É claro que não perdi a fé ou a vocação, mas me percebi desafiado a enfrentar esta realidade com muita serenidade e abertura a Deus.

Apesar dessa dificuldade, digo com toda a franqueza que foi a vida em comunidade que me “devolveu” a presença de Deus. Explico como e porquê. Aqui moro com mais três seminaristas de outras regiões do país. A cada semana fazemos a comunhão de almas. É um momento no qual exercitamos a partilha daquilo que Deus faz na nossa vida de fé. Foi em um desses encontros que Deus se utilizou de um dos meus colegas para me dar uma lição.

Quando expressei o que acontecia comigo, um deles me disse: “É certo que Deus está contigo e isso tu sabes. Mas se não O sentes presente, continues a amar a nossa comunidade com todas as tuas forças porque, deste modo, juntos, teremos a presença de Deus ente nós”.Essas palavras provocaram uma espécie de revolução dentro de mim. Causaram-me uma imensa alegria. Por quê? Por que percebi que Deus está presente em cada irmão, na comunidade, na vida comum. Entendi que deveria amar mais e mais o meu próximo, pois o irmão é o caminho para encontrar a Deus. É de fato perder a minha vida na vida do outro. Foi deste modo que tornei a sentir a presença amorosa de Deus dentro de mim (na alma) e fora de mim (na comunidade).

Enfim, saí do meu individualismo para amar e servir o irmão, aquele que está mais próximo de mim neste momento. Provei um amor que é capaz de dar a vida pelo outro, como fez aquele colega na comunhão de almas.

Esta é uma das muitas experiências que estou vivendo aqui no estágio, na Mariápolis Ginetta. São pequenos fatos que me convencem do quanto o Senhor está presente e atuante em minha vida e na vida dos meus irmãos. E é diante desses fatos que vou amadurecendo meu relacionamento de fé com Deus.

De que forma poderei corresponder (responsavelmente) à predileção de um Deus tão bondoso assim? Tornando-O meu único e insubstituível Ideal de vida. Assim, todo o evento, por mais importante que seja, como é o caso da minha Ordenação, é apenas a conseqüência desta primeira e definitiva opção: Deus! Desejo que seja Ele meu único amor, meu único Ideal.

Agradeço a todos vocês, meus irmãos, por poder partilhar um pouco sobre mim. Agradeço pelas orações dirigidas a todos os seminaristas e vocacionados. Peço-vos, por fim, que me ajudem a manter-me fiel à missão recebida. Conto com vossas orações! Obrigado.

Diácono Éderson.


[1] Este escrito é a narração de uma das minhas experiências vividas na caseta Gen’s, na Mariápolis Ginetta. Ele é também um modo de tornar público meu desejo pela vida presbiteral.

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