quarta-feira, 15 de outubro de 2008

EXPERIÊNCIA NO RETIRO DE SACERDOTES – MARIÁPOLIS GINETTA

Experiência narrada no Retiro de sacerdotes – Mariápolis Ginetta
Meu nome é Éderson, sou diácono da Diocese de Santa Maria, RS. Moro este ano aqui na Mariápolis Ginetta. Estou aqui este ano para um estágio, uma escola de vida no Ideal da Unidade. Conheço o Movimento há algum tempo, mas foi neste a oportunidade de estar aqui. Moro com mais três seminaristas que, no próximo ano, entrarão na Teologia.
Iniciei esta experiência como seminarista.
Quando soube que viria para cá, no ano passado, disse a Deus que estaria aberto a sua vontade, mas pedi também a graça de fazer a experiência do vazio, pra viver a riqueza da Escola e deixá-Lo me inflamar da melhor forma possível.
De fato, estar aqui este ano significa re-escolher a Deus sobre todas as coisas. E estando n’Ele, me preparar para a vida ministerial que se segue. É muito interessante perceber que esta escolha bem concreta de Deus implica em rever minha relação espiritual com Jesus; significa rever meus relacionamentos com aqueles que estão ao meu redor; significa também permitir que Deus mexa nos meus apegos e se faça presente também nas horas de dor.
Concretamente, tudo isso é proporcionado através da vida que circula na unidade com os outros seminaristas.
Fiz várias experiências de amar gratuitamente desta forma: aqui em nossa casa, trabalhamos todos os dias e também realizamos inúmeras atividades. Por vezes no dia-a-dia, me pesou um cansaço que me fez esquecer o amor expresso nas pequenas coisas. Por exemplo: muitas noites, especialmente as mais frias, percebia que a nossa pia ficava cheia de louça suja. Nessas ocasiões senti o ímpeto de amar concretamente, me esvaziando de desculpas pra não limpar a louça. A vida de comunhão me proporcionou enfrentar os limites do cansaço, do frio e dos julgamentos. Decidi que não iria julgar ninguém, pois alguém deveria limpar a louça. Por quê não poderia ser eu mesmo? E ao lavar a louça, sentia que amava. Nessas horas lembro-me da passagem: “A mim o fizestes”. Portanto, lavar a louça significou me doar na medida do amor de Jesus, ser amor e proporcionar um ambiente digno aos que vivem comigo.
Percebo, além disso, que o amor que circula em nossa casa, é recíproco, ou seja, vai e volta. Muitas vezes amei lavando a louça em noites frias. Meus colegas também amam de outras formas. Por exemplo, me ajudam a cozinhar, porque não sou bom cozinheiro.
Nossa comunhão de bens é outra oportunidade de amar e viver o evangelho concretamente. Reunimos nossos salários, sentamos e pensamos o que devemos comprar, o que pagar primeiro ou se alguém precisa de algo pessoal, de um remédio, de dinheiro pra cortar o cabelo. Pensamos tudo juntos, depois realizamos exatamente o que combinamos. Isso nos dá a certeza de que Jesus está no meio de nós, pois ele mesmo nos diz: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles”. Combinar, organizar e realizar as coisas juntos, tem um por que, tem uma finalidade: fazer a vontade de Deus; estar na presença de Jesus.
Deste modo, poderia enumerar muitíssimos frutos, mas quero apenas dizer que esta vida de comunhão me faz mais simples, mais dependente da ajuda dos outros, me faz sentir que o exercício presbiteral, a que me encaminho, deverá ser realizado sempre em comunhão. É desta forma que acolho a graça de me comprometer com um sacerdócio que primeiro ama a Deus, depois realiza atividades pastorais. E é desta forma que re-escolho a Deus sobre todas as coisas.

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