terça-feira, 21 de outubro de 2008

A IGREJA É POVO DE DEUS MOVIDO PELO ESPÍRITO SANTO

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Em qualquer época e em qualquer povo é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça. Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse na verdade e santamente o servisse. Escolheu por isso a Israel como o seu povo (LG, 9).

Deus sempre se manifestou aos homens por meio dos profetas. Mas foi em Cristo que Deus Pai selou definitivamente a aliança de amor com seu povo. No centro da missão de Jesus está o Reino de Deus. Mas para que ele seja uma realidade e faça com que todos os povos em todos os tempos permaneçam na verdade e no amor, Jesus precisou de mãos humanas para a construção deste Reino. Daí surge a Igreja, povo de Deus que, na unidade, anuncia o ressuscitado, promove a paz e a justiça e testemunha o evangelho em palavras e atitudes.
A Igreja, é preciso ter claro, é acima de tudo, obra do Espírito Santo. É pelo Espírito que Deus resgata e renova a humanidade corrompida pelo pecado original; a começar pelo batismo que é o “fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito.” Por isso, “pelo batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornando-nos membros de Cristo, e somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão”[1].
Foi por obra do Espírito Santo que a Igreja teve seu princípio junto aos apóstolos. Foi por Ele também que ela continua a ser, sempre mais e melhor, sacramento de salvação em um mundo cheio de contradições e egoísmos. Pela ação do Espírito Santo, a Igreja continua a proclamar a boa nova do Reino de Deus. Sem essa ação renovadora, o povo de Deus não poderia subsistir. “Para estar em contato com Cristo é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É ele que nos precede e suscita em nós a fé”[2].
A palavra Igreja significa ‘convocação’ e indica a assembléia dos fiéis que formam o povo de Deus. Ela está fundada nas palavras e nos atos de Jesus. É sinal visível e espiritual do “mistério de salvação pela efusão do Espírito Santo”[3]. Contudo, só pela fé é possível envolver-se pela ação do Espírito e aderir à comunidade de fé.
A Igreja é povo de Deus movido pelo Espírito Santo e distingue-se de outros grupos humanos porque é caminho de salvação. Deus constituiu seu povo “nação santa, o povo de sua particular propriedade (...)”(1Pd 2, 9-10). Esse povo tem Cristo como cabeça; tem por lei o mandamento do amor; e tem por meta o Reino de Deus. Os efeitos da ação salvífica de Jesus nos crentes, por meio da Igreja, é a elevação destes à condição de filhos amados de Deus, em dignidade e liberdade diante d’Ele. E, mesmo que o povo cristão eleito por Deus não seja a maioria dos homens e mulheres da terra, eles são “(...) para todo o gênero humano germe firmíssimo de unidade, esperança e salvação.”[4]
Deus Pai ungiu a Jesus por meio do Espírito Santo e o consagrou como sacerdote, profeta e rei. Também a Igreja participa destas três funções de Cristo porque possui a missão de anunciá-lo. Assim, o povo de Deus constitui-se:
Um povo sacerdotal: Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e constituído sacerdote. O povo de Deus participa deste sacerdócio. “Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre os homens (Heb 5,1-5), fez do novo povo “um reino e sacerdotes para Deus Pai (Ap 1,6; 5, 9-10).”[5] O sacerdócio comum dos fiéis consiste na participação e recepção dos sacramentos. A oração, o testemunho de vida, a caridade para com os pobres também fazem parte da vocação sacerdotal do povo de Deus.
Um povo profeta: O povo de Deus participa da função profética de Cristo. Pela adesão à fé, o povo de Deus proclama de forma sobrenatural o evangelho, tornando-se “testemunha de Cristo no meio [do] mundo”[6].
Um povo rei: Jesus atrai o povo pelo exercício de sua realeza. Cristo, rei e senhor do universo, “veio para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28). Por isso, para o cristão, ser rei significa servir e não ser servido. É no exercício do amor recíproco, no atendimento aos pobres e abandonados que concretiza-se o reinado do cristão.
Assim, podemos dizer que a Igreja é assembléia que concentra pessoas diferentes, mas com objetivos comuns – participar da vida nova em Cristo Jesus. O Espírito Santo é a alma que mantém unida a diversidade de dons e carismas que fazem parte da Igreja, povo de Deus “reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.”[7]

Diácono Éderson.

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[1] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1213.
[2] Ibid, 683.
[3] Ibid, 778.
[4] Lumem Gentium, 25.
[5] Ibid, 10.
[6] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 785.
[7] Lumem Gentuim, 4.

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